Monumentos 2019-02-01T13:58:21-01:00

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O lugar de Água d’Alto foi o sítio escolhido pelos primeiros povoadores do concelho para a localização de uma gafaria, onde se isolavam os doentes leprosos. Sendo São Lázaro o patrono dos doentes gafos, não admira que aí se tenha construído uma Ermida de San Lazaro, de que há notícia desde 26 de novembro de 1511, data em que um João Affonso, das Grotas Fundas, lhe deixou em testamento uma esmola de dois mil réis. Também há notícia que, em 1524, um padre abastado aí fez construir uma gafaria, o que pressupõe uma melhoria das primitivas instalações, que não deveriam ser senão palheiros, onde se abrigavam os doentes.
Com o tempo os doentes foram diminuindo, mas a devoção manteve-se viva e o lugar de Água d’Alto foi crescendo até que, nos finais do século 16, o cronista Gaspar Frutuoso dá conta de que era agora uma nova freguesia, de trinta fogos, com 180 almas de confissão, sendo então vigário Baltazar Fagundo.
A igreja ou ermida devia ser muito pequena, já que fora erguida para refúgio dos doentes, antes que ali houvesse povoado e, talvez pela sua pequenez, talvez porque, entretanto, em 1602, já acusava adiantado estado de ruína, o Bispo de Angra D. Jerónimo Teixeira Cabral, durante uma visita, entendeu por bem transferir o vigário Baltazar Fagundo para a igreja de São Pedro, em Vila Franca do Campo, transferência que foi confirmada em Provisão Episcopal de 9 de setembro de 1606.
Apesar da paróquia passar a estar sedeada em São Pedro, a pequena igrejinha de Água d’Alto não desapareceu. O lugar continuou a desenvolver-se e o povo restaurou o pequeno templo, que passou a ser um Curato, com Cura para celebrar missa ao povo.
Com o correr dos anos a pequena ermida foi sendo melhorada e aumentada pelos habitantes do lugar, que nunca desistiram de voltar a ter a sua paróquia, o que aconteceu em 1 de agosto de 1907, depois de muitos pedidos realizados e na mesma data em que Água d’Alto foi elevada à categoria de freguesia.

Nº 37º 43`12.4“ / Wº 025º 27` 18.7 “

Construído no séc. XVI, foi reformado e ampliado no séc. XVIII. Este é o segundo convento masculino franciscano que existiu em Vila Franca do Campo, tendo o primeiro sido destruído pelo evento sísmico de 1522.

Até 1832, ano em que as ordens religiosas foram extintas por decreto de D. Pedro IV, este espaço franciscano exerceu uma notável ação educativa junto da população local, atraindo também discípulos da ilha Santa Maria.

A capela é dedicada a Nossa Senhora do Rosário e apresenta um altar-mor em talha dourada.

O convento foi totalmente recuperado e é hoje uma unidade hoteleira.

Nº 37 º 42´58.5´´ / W 025º 26´29.9´´

Sabe-se que já existia em 1529 porque serviu de paróquia enquanto a igreja de São Miguel foi reconstruída após 1522. Décadas depois, numa carta régia de 3 de março de 1606, há notícia de que passou a incluir a paróquia de São Lázaro, transferida após uma visita pastoral que a encontrou quase em ruínas. Em 1746 beneficiou de importantes obras de reconstrução, que duraram até 1758, sendo a primeira missa celebrada a 2 de fevereiro desse ano.

A atual Igreja de São Pedro foi fruto dessa reconstrução no séc. XVIII. Na fachada, tipicamente barroca, ostenta uma imagem do padroeiro em pedra, datada do séc. XVI.

Nº 37 º 42´56.7´´ / W 025º 26´18.6´´

Esta ermida começou por ser propriedade particular, mas século e meio depois já aparece como pertença de uma irmandade, o que significa que passou a domínio público, como o provam alguns legados pios a partir de 1672.

Parece ter sido muito visitada e centro de animadas romarias por ocasião da festa anual em honra de Santo Amaro, o tradicional protetor dos ossos, a quem era rogada a cura do mal sofrido. A gratidão pelas graças recebidas era habitualmente expressa através de ofertas de massa sovada ou de alfenim, que eram moldadas na forma do órgão ou membro atingido, sendo vulgares, até hoje, as ofertas de bonecos, cabeças, pernas e braços. O destino destas ofertas é serem arrematadas, com o produto da arrematação a reverter para a realização das festividades e manutenção do culto.

Sabemos que por ocasião das Guerras Liberais (1828-1834), concretamente em 1832, a ermida ficou interdita à prática do culto por ter sido utilizada como armazém de pólvora e local de poiso dos militares que guardavam o paiol, como é referido pelo historiador Urbano de Mendonça Dias na sua História das Igrejas, Conventos e Ermidas Micaelenses, que cita um requerimento do vigário de São Pedro, António José d’Andrade Couto, em que era pedido ao Governador do Bispado o levantamento da interdição.

O pedido foi atendido e o Governador do Bispado mandou benzer a ermida e levantar a interdição, ato que foi lavrado em auto de 14 de janeiro de 1833, transcrito no Livro de Visitas Pastorais daquela paróquia.

Nº 37 º 43´05.8´´ / W 025º 26´21.2´´

Na História das Igrejas, Conventos e Ermidas Micaelenses, do historiador vilafranquense Urbano Mendonça Dias, pode ler-se que a ermida de Nossa Senhora da Natividade começou por ser uma ermida sufragânea da igreja matriz porque há notícia de que foi visitada em 1705 pelo Dr. Francisco Berquó Delrio que, na carta de visita, a incluiu entre as ermidas sufragâneas à Matriz de São Miguel.

Mais tarde, passou a sufragânea de São Pedro porque há registo de que lhe serviu de paróquia, durante as obras de reconstrução da igreja, entre os anos de 1746 a 1758. Isto mesmo se pode verificar no registo de batismo, que aqui transcrevemos e mostramos, de 2 de outubro de 1746, onde é legível a seguinte frase  “(…) era nesta Eremida de Nossa Senhora da Natividade / que por hora serve de Parrochia por se estar reidifican / do a Igreja do Apostolo Sam Pedro desta dita Villa (…)”

Acabadas as obras da igreja de São Pedro, a sede da paróquia voltou para lá e foi a vez da ermida ser restaurada, tendo a data desse restauro sido inscrita no frontespício, 1760, como ainda hoje se pode ver.

Esta ermida foi sempre estimada, como se deduz pelas diversas esmolas e legados que lhe foram sendo atribuídos, tendo nela sido mantido o exercício de culto como se deduz pela notícia do Bispo de Angra, D. José Pegado d’Azevedo que, em visita à freguesia de São Pedro, disse na sua Carta de 22 de novembro de 1811 que nem esta ermida, nem as outras da freguesia, tinham apresentado licença ou testemunho de visita dos seus predecessores para a prática do culto pelo que lhes dava um prazo de seis meses para se legalizarem, findo o qual passariam a interditas ao culto.  Todas se legalizaram porque nelas se continuou a exercer o culto.

Tem um altar com a imagem da Virgem, festejada anualmente no dia 8 de setembro.

Nº 37 º 42´52.9´´ / W 025º 26´18.4´´

Primeiro registo de batismo na ermida de Nossa Senhora da Natividade, datado de 2 de outubro de 1746, em que se pode ler que ela servia de paróquia enquanto se reedificava a igreja de São Pedro.

(http://culturacores.azores.gov.pt/biblioteca_digital/SMG-VF-SAOPEDRO-B-1737-1750/SMG-VF-SAOPEDRO-B-1737-1750_item1/P120.html).

Ermida quinhentista, anterior a 1522, foi reconstruída em 1764 e sucessivamente melhorada e aumentada.

Em 1968 foi construída a escadaria que tem 10 patamares, que representam os Pai-Nossos dos Mistérios Gozosos e Dolorosos, e 100 degraus, referentes às Ave-Marias, correspondendo no seu conjunto a dois terços do rosário.

Os Mistérios Gloriosos estão representados em cinco painéis de azulejos, no adro, por detrás da Ermida.

No base da escadaria está o busto do Prior António Jacinto de Medeiros, prior da Igreja Matriz de Vila Franca do Campo onde exerceu o sacerdócio durante 58 anos, grande impulsionador da escadaria. Sob a sua alçada, a pequena e humilde ermida registou muitas obras de manutenção e diversos melhoramentos. O busto é da autoria de Hélder Carvalho.

Nº 37º 43´40.4´´ / W025º 25´53.7´´

A primitiva Casa da Câmara, dos tempos do povoamento, ficou soterrada em 1522, após o que, segundo crónica desse tempo, a Casa do Concelho e da Audiência se instalou nos primeiros tempos em “edifício menos próprio”. Mais tarde, os Vereadores conseguiram a graça régia de lançarem imposto de 200 mil réis, para construírem instalações condignas. Mesmo assim ainda demorou umas décadas até a Vila voltar a ter uma Câmara em condições. É só por Alvará de 12 de dezembro de 1560 que o Rei concede a Vila Franca a imposição do vinho e carne para a construção da Casa da Câmara, com torre para o relógio.

O atual edifício da Câmara Municipal ostenta, no seu interior, a data de 1777, que se acredita ser de uma remodelação importante, no entanto sabe-se que as obras de melhoramento do edifício continuaram porque, em sessão municipal de 27 de novembro de 1833, foi deliberado demolir o pelourinho, aproveitando-se a pedra para construir a escadaria exterior, que hoje se pode ver.

Nº 37º 42´54.7´´ / W025º 26´09.1´´

A Igreja de São Miguel Arcanjo começou a ser construída em 1534, em substituição da anterior, soterrada no grande sismo de 1522.

Na torre encontra-se o sino mais antigo da ilha, oferecido pelo rei D. João III em 1554.

Manteve o estilo arquitetónico das igrejas quatrocentistas, à semelhança da primitiva igreja matriz, mandada construir pelo Infante D. Henrique, como atesta o seu testamento de 1460, e que ficava situada onde hoje está o Convento de Santo André, no Largo Bento de Góis.

Ao longo dos séculos registou várias obras de beneficiação, nomeadamente a torre sineira, de aspeto bastante robusto, construída durante o domínio filipino. Diz uma tradição popular que a data lá inscrita, 1624, indica a construção da nova torre sobre a anterior quinhentista e que a mossa, que lá se vê, foi provocada por uma bala de canhão, atirada para testar a resistência da torre.

A capela-mor tem as paredes revestidas com painéis de azulejos dedicados ao Arcanjo São Miguel, feitos e pintados, em Lisboa, por Benvindo Ceia, em 1911.

Na parede do lado direito pode ver-se uma das obras-primas da pintura antiga nos Açores, e uma excelente peça do Maneirismo em Portugal, que é o painel quinhentista pintado por Diogo de Contreiras Lamentação sobre Cristo morto – uma pintura sobre madeira de carvalho, da segunda metade do século XVI, que incorporou, na origem, o retábulo da capela-mor e que, na opinião do especialista Vítor Serrão, professor catedrático da Universidade de Lisboa, “Poderá tratar-se de uma encomenda do capitão-donatário D. Manuel da Câmara, a quem coube custear a reconstrução da igreja, após a destruição de 1522.”

O painel, depois de criteriosos trabalhos de conservação e restauro, voltou a ser exposto na Matriz de Vila Franca do Campo, em abril de 2014.

Restaurado também, mas em 2005, foi o órgão de tubos no coro alto, datado de 1900, e cuja recuperação possibilita a continuação das temporadas musicais, de qualidade, que habitualmente têm lugar na Matriz.

Nº 37º 42´57.2´´ / W025º 26´11.6´´

Igreja seiscentista e barroca, foi de início a ermida do hospital que em 1483 é criado em Vila Franca do Campo.

No último domingo do mês de agosto de cada ano, celebra-se aqui, com grande solenidade, a festa do Senhor Bom Jesus da Pedra.

Anterior às Misericórdias (a primeira Misericórdia só será criada em Lisboa 15 anos depois) o hospital vila-franquense começou numa casa doada em testamento pela vila-franquense Isabel Gonçalves.

Durante as primeiras décadas do povoamento, Vila Franca foi o principal porto de entrada dos que aqui vinham procurar nova vida. O hospital era tanto mais necessário quanto maior era a população, pelo que foi sendo beneficiado com sucessivas esmolas e doações testamentárias, evoluindo, naturalmente, para Misericórdia.  Em paralelo ia também melhorando a ermida anexa, já designada por igreja em 1556.

Em 1607, os oficiais da Misericórdia de Vila Franca do Campo passam a ter, por alvará régio, os mesmos privilégios dos oficiais da Misericórdia de Lisboa. Nos anos seguintes têm lugar grandes obras na igreja. A sua nova importância é revelada pela mudança radical da planta:  o altar passa do lado este para oeste, ficando a porta de entrada virada para a praça pública (anteriormente estava virada a poente).

Em 1903 o papa Leão XIII concede privilégio para se celebrar, com pompa sagrada exterior, no domingo, a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Coroado de Espinhos, denominado de Bom Jesus da Pedra, que é hoje uma das festividades religiosas mais importantes da ilha.

Nº 37º 42´55.5´´ / W025º 26´12.5´´

Ermida setecentista mandada construir pelo Padre Francisco António Pacheco de Macedo, junto ao solar em que vivia, onde celebrava as suas missas diárias e cumpria as devoções, juntamente com os seus vizinhos e devotos que recebia na sua ermida com boa vontade.

O Pe. Francisco António Pacheco de Macedo pertencia a uma das mais antigas famílias fidalgas da ilha, sendo um abastado proprietário, por herança de família.  No seu testamento, lavrado em 25 de outubro de 1762, não se esqueceu de garantir a permanência do culto na Ermida, deixando 120 reis anuais, por cada uma de duas missas que queria que fossem rezadas todos os Domingos e dias santos, até ao fim do mundo. Os outros bens, incluindo o solar e a Ermida,  foram deixados à família.

Com a passagem do tempo, o solar acabou em ruínas, mas a Ermida da Mãe de Deus foi sendo cuidada e as missas obrigatórias só deixaram de ser rezadas quando a quantia legada se tornou insuficiente para a manutenção regular do culto.

Passou por vários proprietários até que foi doada, em 1984, ao município de Vila Franca do Campo, por Manuel Inácio de Melo e sua família.

Até ao presente a ermida é utilizada pela população nas festas do Império da Mãe de Deus e como capela funerária.

Localização: Nº 37º 43.´06.1´´ / W025º 26´ 05.2´´

Este Mosteiro foi erigido a partir de uma ermida mandada construir por André Gonçalves Sampaio – o Congro – para sepultura de sua família, em 1522, sobre o local da antiga igreja matiz de Vila Franca, e em substituição duma Capela que, sob a mesma invocação (Sto. André), possuiu na Igreja soterrada.

Fundado em 1533, foi o primeiro mosteiro feminino da ilha.

A capela foi decorada com painéis de azulejos do século XVIII, retratando a vida de Santo André.

Nº 37º 42´58.5´´ / W025º 25´ 55.6´´

Não há notícia de quem a mandou construir e quando, sabe-se apenas que a Ermida de Santa Catarina já existia em 1522, data em que serviu de paróquia, depois do sismo que soterrou boa parte da Vila, como deixou escrito o cronista Gaspar Frutuoso na sua obra Saudades da Terra, datada da segunda metade do século 16.

Na História das Igrejas e Ermidas Micaelenses, publicada de 1949, o historiador vilafranquense Urbano de Mendonça Dias refere que, no livro de contas da ermida, encontrou referência a disposições testamentárias que, ao longo do tempo, foram construindo o seu património. Entre rendimentos patrimoniais e esmolas que ia recebendo, a Ermida foi sendo renovada e mantida pelos seus administradores, que prestavam contas ao Vigário da Matriz e aos Bispos e Visitadores que aqui vinham.  Na parte secular, eram prestadas contas ao Corregedor da Comarca e à Junta de Paróquia.

Santa Catarina abriga S. Pedro Gonçalves

Em princípios do século 20, a Ermida do Corpo Santo, de São Pedro Gonçalves, o Sant’Elmo celebrizado nos Lusíadas pelo poeta Camões, cuja construção datava da centúria de quinhentos e se localizava na ainda hoje designada Praia do Corpo Santo, caiu em ruínas tendo o seu culto e imagem passado para a Ermida de Santa Catarina.

Assim, a partir daí e até hoje, os homens do mar passaram a festejar o seu padroeiro em Santa Catarina, que se tornou o centro da famosa Festa do Irró, característica de Vila Franca do Campo e única no país com tal designação.

A Festa do Irró

O culto de São Pedro Gonçalves é muito antigo em Portugal, como podemos deduzir pela notícia que Fernão Lopes nos dá na Crónica d’El Rei D. João, o qual, durante o cerco à cidade de Tui, em 1398, teria recomendado aos seus que não se danificasse a sé da cidade, local afamado por ser aí que jazia o corpo de frei Pedro Gonçalves.

Patrono dos marinheiros e pescadores portugueses e espanhóis, S. Pedro Gonçalves foi um religioso dominicano, pregador muito conhecido no seu tempo, que depois da sua morte, em 1246, teve o seu corpo declarado santo e guardado na catedral de Tui.

O episódio milagroso que lhe valeu a devoção dos portugueses ocorreu durante o cerco a Córdova, quando o rei de Portugal enviou ao seu congénere castelhano uma caravela de auxílio, carregada de mantimentos. Um forte temporal fez perigar a embarcação e os marinheiros, aflitos, invocaram a intercessão do famoso pregador castelhano.  O alívio não se fez esperar e a fama de homem santo nunca mais parou de crescer entre os homens de mar portugueses.  Quando morreu, os bispos portugueses fizeram eco com os castelhanos, para pedir ao Papa a beatificação de Pedro Gonçalves. Declarado Corpo Santo em 1254 pelo Papa Inocente IV, a santificação foi dada em 1741 pelo papa Benedito XIV.

A devoção a São Pedro Gonçalves chegou aos Açores com os primeiros povoadores, como demonstram os inúmeros locais que, nas ilhas, receberam o nome de Corpo Santo.

Patrono dos homens do mar, a sua festa tem características únicas em Vila Franca do Campo onde é celebrada no primeiro fim de semana depois da Páscoa. Conhecida popularmente como a Festa do Irró, é organizada pela Irmandade de São Pedro Gonçalves que, durante todo o ano, amealha uma percentagem do pescado para esse fim, e as celebrações duram, em geral, de sexta a segunda-feira.

Por tradição, era no primeiro domingo depois da Páscoa que os marítimos de Vila Franca celebravam o seu Império do Espírito Santo e na segunda-feira a festa do seu patrono.  A partir de meados do século passado, otimizaram-se os recursos e passou-se a festejar os dois eventos em conjunto, com os dois cortejos processionais no mesmo dia, ao domingo, indo a Coroação à frente da Procissão.

No final da Procissão, São Pedro Gonçalves recolhe novamente à Ermida de Santa Catarina, de onde sairá só mais uma vez (para a Procissão de S. Miguel) até à sua festa no próximo ano.

Localização: Nº 37º 42´52.5´´ / W025º 26´04.5´´

Também conhecido como forte do Baixio, é o último existente dos vários que integravam o sistema defensivo da vila desde o século XVI. Junto à sua muralha foi construído um porto de mar em 1849, com dois cais de desembarque e abrigo.

Nº 37º 42´52.4´´ / W025º 25´51.1´´

O historiador Urbano de Mendonça Dias, escreveu na História das Igrejas, Conventos e Ermidas  Micaelenses, em 1949, que esta igreja “Era uma ermida sem foros alguns paroquiais, pois que este lugar pertencia civil e canonicamente à freguesia de Sam Miguel”, adiantando que graças à extinção dos conventos e distribuição dos seus bens móveis pelas igrejas e ermidas (lei de 1832), alguns desses bens lhe foram atribuídos, em resposta ao pedido dos moradores do lugar, dirigido ao Ouvidor eclesiástico da Vila, que o enviou ao Prefeito.

Pela resposta a esse pedido, datada de 1833, ficamos a conhecer a relação dos bens que a Ermida do Bom Jesus Menino recebeu e pelo termo de entrega sabemos ainda que a ermida já existia anteriormente, embora se desconheça desde quando. Eis o teor do termo de entrega que U. Mendonça Dias transcreve no seu livro:

“Aos 11 dias do mes de Agosto de 1833, na sacristia da Matriz do Arcanjo Sam Miguel desta Vila Franca do Campo, por virtude do despacho do Muito Rev. Ouvidor, dado no verso do ofício retro, faço entrega ao mestre Duarte Pereira, da Ribeira das Tainhas, mordomo da Ermida que novamente se está fazendo do Senhor Jesus Menino, as alfaias seguintes: (….)”

Apesar dos bens que recebeu a terem munido dos requisitos necessários para nela se ministrar o serviço religioso, que a população tanto desejava, só em 1839 é que a Ermida começou a funcionar como curato sufragâneo da Matriz de São Miguel, como se pode concluir do primeiro termo de batismo ali registado, em 29 de setembro desse ano, que refere o nascimento, no dia 12 desse mês, de uma menina chamada Maria, cujos pais eram fregueses do Curato da Ermida do Senhor Bom Jesus Menino, deste lugar da Ribeira das Tainhas, sendo Cura Manuel José de Medeiros.

Nº 37º 43´04.6´´ / W025º 24´40.0´´

Registo do primeiro termo de batismo registado no Curato da Ermida do Senhor Bom Jesus Menino da Ribeira das Tainhas, que pode ser consultado em  http://culturacores.azores.gov.pt/biblioteca_digital/SMG-VF-RIBEIRATAINHAS-B-1839-1853/SMG-VF-RIBEIRATAINHAS-B-1839-1853_item1/P4.html

Esta igreja desenvolveu-se a partir de uma pequena ermida, construída por Lopo Anes de Araújo, numa fazenda que tinha no então lugar de Ponta Garça, como deixou escrito o cronista quinhentista Gaspar Frutuoso, na sua obra “Saudades da Terra”, escrita entre 1586 e 1590 (GF, S.T. livro 4 cap. 39). Lopo Anes de Araújo era natural de Viana e veio para esta ilha por volta de 1506, pertencendo a família abastada.

Depois da construção da pequena ermida original, que se pensa ter sido nas primeiras décadas do século 16, os anos passaram, a população foi aumentando e a ermida crescendo em proporção, graças às esmolas, legados e empenho dos párocos e dos fiéis,  embora pelas cartas de visitação se fique a saber que nem sempre a sua manutenção e administração foi a melhor e que por vezes tinha que ser o Bispo a ordenar os melhoramentos de que carecia.  Não obstante, com a iniciativa dos vigários e a boa vontade, esmolas e trabalho do povo, registaram-se vários restauros e ampliações. Umas mais pequenas, como nos anos de 1630, 1696, e outras maiores, como de 1702 a 1758, e de 1846 a 1869. A atual igreja é fruto de uma intervenção de vulto, em 1996, que consistiu na total reconstrução e restauro por iniciativa do Padre José Gregório (f. 2017), que aí paroquiou mais de três décadas, desde 1976.

O culto a Nossa Senhora da Piedade, a Mãe que chora o Filho morto, é muito antigo em Portugal e uma das mais relevantes devoções marianas no ideário cristão, desenvolvido a partir da idade média.

A festa em honra de Nossa Senhora da Piedade ocorre no primeiro domingo de agosto.

Localização: Nº 37 º 43´ 00.0´´ / Wº 025º 22´14.2´´

O projeto da Capela da Luz Eterna foi criado em 2002 pelo arquiteto Bernardo Rodrigues, natural de Ponta Garça,  premiado internacionalmente, que tem obras espalhadas por países como os Estados Unidos da América, a China, o Japão e o Dubai e, Portugal, nomeadamente nos Açores.

A capela tem dois níveis, uma pequena sala e casa de banho em baixo e a capela em cima. Uma primeira pirâmide invertida de betão sustenta uma segunda feita de aço. A pedra mármore de cor verde da Guatemala cobre as paredes exteriores, com zinco no telhado. As paredes prateadas do interior refletem a luz filtrada das aberturas.

Em 2009, após estar aplicado um investimento de 500 mil euros, a obra parou, por falta de verba para a concluir.

No executivo camarário liderado por Ricardo Rodrigues foi deliberado retomar a obra parada da Capela da Luz Eterna.

Inaugurada a 16 de novembro de 2018, Ponta Garça passa a ter uma infraestrutura que reclamava há muitos anos, sendo que o que foi investido inicialmente ainda estava em boas em condições e ganha uma obra que poderá vir a ser uma referência arquitetónica.

A freguesia, que conta com 3547 habitantes (segundo os Censos 2011), sendo uma das maiores freguesias dos Açores, em área e na extensão do seu povoado, não tinha, até à data, uma capela mortuária, sendo os falecidos velados em casa dos familiares ou, em alguns casos, na Ermida de Nossa Senhora das Mercês (privada) ou até mesmo no centro de Vila Franca.

Impunha-se, por isso, dotar a freguesia de Ponta Garça com uma casa mortuária, que correspondesse com dignidade às necessidades de uma tão vasta população.

Ponta Garça tem, finalmente, um espaço próprio para velar com dignidade os seus mortos.