Lagoas 2017-03-27T10:53:40+00:00

Lagoas

A Lagoa do Fogo é a segunda maior lagoa da Ilha de São Miguel, e também a mais alta, classificada desde 1974 como Reserva Natural, tal o seu valor natural e paisagístico.
Ocupando cerca de 1360 hectares, na caldeira de um vulcão adormecido que se terá formado há cerca de 15.000 anos, dando forma ao grande maciço vulcânico da Serra de Água de Pau, a Lagoa do Fogo encanta pela sua beleza natural e dimensão fenomenal, chegando a atingir os 30 metros de profundidade.

A sua forma elíptica com dimensões na ordem dos 3×2.5 km e é resultado do ultimo colapso, que ocorreu no topo do vulcão, há aproximadamente 5 mil anos. A ultima erupção data de 1563.


A Lagoa do Fogo constitui uma paisagem vulcânica, com forte identidade e de alguma forma rara, pela quase ausência de intervenção humana. As vertentes da caldeira, onde se localiza, apresenta várias ravinas causadas pela erosão hídrica das frequentes e intensas precipitações que ali ocorrem, assim como dos ventos fortes nas zonas mais elevadas. Todas as paredes da caldeira são íngremes e quase totalmente revestidas de mato natural e exuberante.

As suas águas límpidas de cor azul, rodeadas por algumas praias de areia fascinam os seus visitantes, sendo uma das lagoas mais emblemáticas dos Açores.

Dentro de todo o perímetro da reserva natural, lagoa, caldeira, e vertentes da mesma, destacam-se bastantes espécies de plantas endémicas dos Açores, é o caso do cedro-do-mato (Juniperus brevifolia), o louro (Laurus azorica) e o sanguinho (Frangula azorica). Surgem ainda a malfurada (Hypericum foliosum), a urze (Erica azorica) e o trovisco-macho (Euphorbia Stygiana).

A principal fauna, aqui representada pelos pássaros de pequenas dimensões é muitas vezes acompanhada por aves de grande porte como as aves de rapina. Assim, além das aves caracteristicamente terrestres como o pombo-torcaz-dos-Açores (Columba palumbus azorica), o milhafre ou queimado (Buteo buteo rothschildi), a alvéola-cinzenta (Motocilla cinérea) e o melro-preto (Turdus merula azorensis), surgem as aves marinhas como a gaivota (Larus cachinnans atlantis) e o garajau-comum (Sterna hirundo).

A água da lagoa alimenta algumas nascentes localizadas nas vertentes do vulcão central do Fogo, importante para o abastecimento dos concelhos de Vila Franca do Campo, Ponta Delgada e Ribeira Grande.
Para visitar a Lagoa do Fogo, através do concelho de Vila Franca do Campo, só através de um trilho pedestre homologado: Trilho Praia-Lagoa do Fogo (PRC2SMI)

As Lagoas do Congro e dos Nenúfares localizam-se no Concelho de Vila Franca do Campo, nas freguesias de Ponta Garça e Ribeira das Tainhas e é classificada com Área Protegida para a Gestão de Espécies e Habitats, pelo Decreto Legislativo Regional nº 19/2008/A, de 8 de Julho.

Resultam de uma estrutura geológica singular, pois ocupam uma cratera de explosão “maar” associada a uma erupção hidromagmática no planalto da achada das Furnas, uma das zonas sismicamente mais ativas do arquipélago.

A bacia hidrográfica da Lagoa do Congro tem 0,33 km2. O seu espelho de água, dominante na cratera, tem uma forma quase circular, com o comprimento máximo de 255 m e a largura máxima de 205 m, com os seus 0,04 km2 de área e 16 m de profundidade nas zonas mais fundas, encontra-se rodeada por taludes ingremes constituídos maioritariamente por rochas de traquito, com vegetação densa, atingindo os 120 metros de depressão em alguns pontos.

O seu nome advém da alcunha de André Goncalves Sampaio, conhecido como o “O Congro”, rico e influente proprietário da mesma. Depois da sua morte, os terrenos à volta da Lagoa passaram para a posse da família de Nossa Senhora da Vida e da família Canto.

Foi esta ultima que procedeu a significativas intervenções na paisagem.  José do Canto conhecido pelo seu amor pelas plantas, importava espécies exóticas de várias partes do mundo e fazia ensaios com novas plantações florestais. Em 1837 o terreno à volta da lagoa estava coberto por povoamentos de criptoméria (Cryptomeria japonica), pinheiro bravo (Pinus pinaster), eucalipto (Eucalyptus globulus) e acácias (Acacia melanoxylon) e na parte sul da propriedade foi edificada uma casa de campo. Após 1943 houve a partilha e divisão de terras e um dos novos donos deu continuidade as alterações da paisagem. Augusto de Ataíde, casado com a bisneta de José do Canto, levou a cabo cortes rasos com efeito considerável nas matas adjacentes às lagoas, construiu caminhos e aumentou a área das pastagens.

Em 1949, uma parte considerável desta área foi adquirida pela Sociedade Agrícola dos Acores, tornando-se numa zona de pastagem relativamente importante para a ilha.

Num passado não muito longínquo, a cratera da Lagoa do Congro era usada pela população vila-franquense, como uma área recreativa, sendo tradição a sua visitação aquando das festas de São João da Vila.

A poucos metros desta e circulando por trilhos secundários, encontramos a Lagoa dos Nenúfares, cuja superfície é muito mais pequena, atingindo o máximo de 50 m de comprimento por 30 m de largura. A sua profundidade média é de cerca de 20 cm, no entanto no centro da lagoa esta profundidade pode atingir os 3,5 m. A bacia hidrográfica da Lagoa dos Nenúfares tem cerca de 0,06 km2. Apresenta um estado avançado de sucessão ecológica, acelerado principalmente pelas espécies exóticas. É rica em plantas aquáticas, entre as quais a mais abundante é o Nenúfar (Nymphaea alba), uma espécie introduzida, espalhada por toda a superfície da agua, a qual acabou por ser a responsável pelo nome da lagoa.
Por causa das aguas pouco profundas e da abundância de plantas, a Lagoa dos Nenúfares é um habitat rico para anfíbios como a rã (Rana perezi) e o tritão de crista (Triturus cristatus carnifex), que está na Lista de Espécies de Fauna Estritamente Protegidas da Convenção de Berna.

A maioria das aves típicas existentes na ilha de São Miguel como, o tentilhão (Fringilla
coelebs moreletti), o melro negro (Turdus merula azorensis) e o pombo torcaz (Columba
palumbus azorica) podem ser avistadas na area da cratera das lagoas do Congro e dos Nenúfares. Para além disso, as lagoas são visitadas por diversas aves migratórias.

Este é sem duvida um local com uma paisagem única, atendendo à sua génese geomorfológica, a sua topografia e os inúmeros valores culturais e estéticos em presença.

Como chegar?

Pode-se chegar à Lagoa do Congro através das duas estradas principais, regionais, de São Miguel: a estrada Sul (n 1-1) ou a estrada Norte (2-1). As indicações “Lagoa do Congro” localizadas em ambos os caminhos, indicam o desvio para a estrada asfaltada que liga as estradas principais Sul e Norte. Do centro de Vila Franca até à sinalização da lagoa do Congro percorre-se por uma estrada de asfalto (8km).
Depois de sair da estrada de asfalto, encontra-se uma placa “Lagoa do Congro e vira-se à esquerda para um caminho de terra batida estreito. Cerca de 1000 metros mais à frente, encontra-se o início do trilho pedestre para a lagoa.
Esta passagem não tem boa acessibilidade devido à vegetação densa e enormes árvores caídas que se atravessam no trilho. No entanto, o caminho estende-se por cerca de metade das margens à volta da lagoa, acabando na parede rochosa vertical.
O percurso para a lagoa dos Nenúfares é feito por um dos trilhos auxiliares (sem sinalização).
Têm como coordenadas GPS: 37º 45’22”N 25º 24’26”W.

A Lagoa do Areeiro localiza-se no município de Vila Franca do Campo, numa zona com mais de 600 metros de altitude, a aproximadamente 2 Km da lagoa do Congro e encontra-se numa cratera de explosão no Pico da Dona Guiomar, numa zona relativamente plana próxima do Monte Escuro. Possui um comprimento de 0.25 km.

Como chegar?

O acesso mais fácil à zona é iniciando o percurso no centro de Vila Franca, seguindo pela estrada regional em direção às furnas. Ao fazer o trajeto irá encontrar uma placa sinalizadora que direciona para a Lagoa do Congro, placa esta que deve seguir a sua direção. No decorrer do percurso, ponto GPS 37°44’50.29″N, 25°25’21.12″O, vire à esquerda em direção ao Monte Escuro/Lombadas. Após 1 Km de percurso (37°45’48.64″N, 25°24’42.74″O) deve virar à esquerda, onde irá dar ao encontro de um entroncamento. Neste entroncamento vire à direita, onde irá fazer um percurso final até à Lagoa, em terra batida e com uma distância de 1,28 Km.